Não é de hoje que nós escutamos falar das tendências que prometem invadir os armários na próxima estação. Ou, ainda, que vemos sites e revistas apostando em peças e acessórios que prometem virar febre do dia pra noite.
Esse tipo de sistema em que o mercado de moda dita o que é considerado a “bola da vez” existe já há muito tempo e ganha cada vez mais projeção com o aumento das redes de fast-fashion pelo mundo. Mas, o que acontece muito também e nem sempre é falado, é exatamente o fenômeno oposto a isso, quando uma peça ou estilo sai da própria rua e ganha o mundo, a moda, às vezes até as passarelas, e uma boa história pra contar.
A moda é uma via de mão dupla. Muitas vezes a parte industrial e comercial desse sistema vai lá e pinça um desejo que estava escondido dentro de nós e que a gente nem fazia ideia que existia. Como se ela nos fizesse achar que nós “precisamos” de alguma coisa (ainda que, de fato, a gente não precise mesmo daquilo) sendo que antes nem sabíamos da existência dessa tal coisa.
Só que é bom lembrar sempre que a moda, acima de tudo, tem a ver com comportamento, e muitas vezes ao invés de termos uma tendência “imposta” pelo mercado, temos um estilo e uma espécie de vontade coletiva que vem da própria sociedade. A essa força propulsora que não vem de cima pra baixo, mas sim de baixo pra cima, chamamos de street style.
O termo, que em inglês é literalmente “moda da rua”, é usado pra falar sobre as pessoas, o espírito e o inconsciente (e às vezes até consciente) coletivo que vem das ruas. Nos últimos anos o termo e seu significado vêm ganhando cada vez mais projeção, especialmente por causa de sites, colunas e blogs especializados no assunto.
The Sartorialist, blog do fotógrafo Scott Schuman, é um dos maiores exemplos desse fenômeno. Mas ele não está sozinho. Garance Doré em seu blog homônimo, Bill Cunningham no New York Times e Yvan Rodic em seu blog Face Hunter são outros nomes lendários na fotografia de moda de street style. Eles capturam a agitação das cidades, as culturas locais, os costumes escondidos em uma forma de usar determinado acessório e várias outras particularidades de moda que cada lugar, cada comunidade e cada pessoa possuem.
Enquanto as imagens das passarelas surgem distantes, tanto para seu uso no dia a dia quanto para o bolso do consumidor, a imagem do street style é mais próxima, mais real, mais repleta de códigos que fazem parte da nossa rotina.
As tendências que surgem nas esquinas, os diferentes tipos que habitam a cidade e as “tribos” urbanas que tornam o cenário tão diverso são alguns dos alimentos dos quais o street style se alimenta, tornado as ruas, assim, a passarela mais criativa, inspiradora e cheia de autoconhecimentos que nós poderíamos desejar.